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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Crédito da foto: Isabel Carvalhaes  

 

FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA
( Brasil – São Paulo )

 

Escritor, poeta, contista, romancista, dramaturgo e jornalista. Nascido em Santos em 1965, atua como agitador cultural em São Paulo, Rio de Janeiro e Litoral Paulista em projetos de discussão de temas ligados a artes de vanguarda, saraus poéticos e oficinas de criação literária.

 Já lançou 14 livros entre eles: "Maralto", "A Biblioteca Submergida", "Contogramas", "Escorbuto, Cantos da Costa", "Edoardo, o Ele de Nós", "Oceano Cais", "Desaforismos", "Pessoa doutra margem". Também participou de diversas antologias de poesia e conto, incluído a "Geração Zero Zero", antologia que reúne os mais inquietos e inovadores autores lançados na primeira década do século XXI e organizada pelo crítico literário Nelson de Oliveira.

Escrevendo para teatro, cronista, atuante em redes sociais com criação literária online e arte digital, Flávio Viegas Amoreira é considerado um dos mais ativos escritores paulistas e agitadores intelectuais da Novíssima Literatura Brasileira.  

 

BABEL  Revista de Poesia, Tradução e Crítica.  Ano IV - Número 6 - Janeiro a Dezembro de 2003.  Editor Ademir Demarchi.   Campinas, São Paulo                                Ex. bibl. Antonio Miranda


PENSA, CORPO

                       A Konstantinos Kavafis


"Castanhos dardejavam os poros
inencontrável / suando camisa e couro; lenta lida
o ventre corrosivo / bruto carregamento
entrega ouro à vértebra — vamo-nos à faina dos membros coincidentes
refregas em oito / mão da boca aos ombros portando mundos

rútilo peito, dobras de açucena nem marca ou armadura:
sendo homem, fétido / lamacento / nojos à serpente
sendo homem inesperado em retábulos patíbulos suave ao dormente
ardor arbitrário feito vírgulas feituras interpretantes
ancinhos de tua púbis amacio dentes debaixo do céu da língua
não são jogos engraçadinhos alexandrinos do sofrimento
e tão quieta língua quanto esforço, nada atordoa onde repousa

semeadura / orgíaca lembrança: abóbada solene tronco celeste
da linha ao pescoço entrega às coxas
muco iridescente sorvedouro
insente intalho de alto relevo
antro túmido / portal contrariado
dissolve força no que te nutre
queria trançar no Dia escória da matéria fluída
anunciar do tesão preciosa descoberta
a esfera santa! do que composto e onde mais vinga?
ambos dá-se mais que em caules e iambos?
qual origem e o que vem contingente: gozo gládio glande
Vida e Sorte!? questões pentelhas perseguindo tal desejo além-visto...
Ah! fôra visível a perna claudicante  / nádega enjeitada través pela pressa
morrer não conta! nada perderia apalpando apenas / tingindo de esfera
ancas lunas.

o que furta tão ao perigo? dor incerta? males pestilentos?
teimo do aparato as partes possíveis curiosas entre homens continentes
sibilinos
não voltar dentro onde não / nenhum nos estranhemos

banha-te antes de despido / não reveles mais detalhe algum
que não os tenha soletrado por meus dedos
intercruzemos  no alheamento / peito acoita nuca
põe sentidos nos pés que sustentam n´alma o gozo
façamos retendo átimo de lembrança."
 

 

FOME DO AMOR VIRGEM

                    A Ezra Pound

"Os dejetos / nas catedrais
a pura soma / sem efeito
Nos dejetos as catedrais assomam
a orgia / galhos desfolhados.
A catedral desfez-se / os dejetos reconstroem antigo brilho

A várzea / o musgo
temporal!
assoberbam aos montes
campos
entornam mares
irradiam sons / males.
Esquece o torto dia
e a chuva endedalando-se
nódoa
é o beco
este Universo.

Risquei num só espalmo
a depressão sob meus pés
mãos rasteira ágeis
retalhos na lírica do transe
formações, até Deus vagueia
esse automóvel some.
Meu amor sou eu em fila dupla
mesmo sem sofrer dentro de mim quejando
corroe até osso
trajando os olhos
e o não-mais caminho.

Inverteram-se as lentes
o negro da noite vive agora!
meu rosto sonho refletido aluarado trilho."

 

*

VEJA e LEIA  outros poemas de SÃO PAULO  em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html


Página publicada em janeiro de 2023


 

 

 
 
 
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